sexta-feira, 25 de junho de 2010

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE V


A vida nunca é simples como quando nascemos, porque cá entre nós, quando nascemos, apenas temos que mamar, dormir, tomar banho e todas essas coisas bestiais que bebês fazem, mas Sam realmente aos dez anos de idade, percebeu que a vida já não era um mar de rosas... No fundo, ele percebeu que entre o cair da máscara e o longo caminho que temos que trilhar, há muita escuridão... E continuando de onde parei, volto a contar como o garoto que me provou que lendas e mitos, muitas vezes são mais que meras lendas e mitos começou a descobrir quem era... Sua mãe começou a lhe explicar que não assassinou seu verdadeiro pai, mas sim um falso pai...Um pai de criação, digamos assim...

“- Você o matou mamãe?
- Você realmente não se lembra?
- Mais ou menos. Eu tenho uns flashs de vocês brigando e dele em cima de mim, mas não lembro direito o que aconteceu...
- Um dia você vai lembrar Sam, e eu sei que isso vai doer, mas ele não era o seu pai, então com o tempo, passará a doer menos...
Sem vontade mais de comer, o garoto ficou em silêncio e a mãe encarou isso como permissão para continuar a explicar o que ele devia saber...
- Eu o conheci quando cheguei ao Brasil, desamparada, carregando você no colo, angustiada com a morte do seu pai e com muito medo de que nos encontrassem, porque eu não sabia como protegeria você da fúria dos Mitos... Ele era um taxista ignorante e grosseiro, fez uma corrida nos levando para um hotel na Barra da Tijuca e percebendo que eu estava nervosa, chorosa e paranóica, perguntou se podia me ajudar. Não foi fácil para ele tentar me entender, afinal, não passava de uma turista louca, com febre e com um bebê nas mãos. Mas ele me ajudou de verdade, sem pedir nada em troca, pelo menos não naquele momento...
- Ele... a ajudou? Como assim?
- Eu não esperava realmente ter que te contar isso, mas agora é necessário! Naquele dia desmaiei dentro do carro, na hora de descermos no hotel... Ele colocou você preso em uma cadeira de bebê que tinha na mala e me levou para o hospital. Lá eles ministraram antibióticos em mim, porque eu estava com uma infecção que adquiri no seu parto e que se alastrou por falta de cuidados médicos. Eles, os médicos, nem sabiam como eu continuava viva...
- Então quer dizer que não podemos nos curar, como os lobos fazem?
- Como eu disse, somos transfiguradores, não criaturas imortais Sam! E você... você é diferente.
- Como assim?
Tomando um pouco d´agua, ela explicou:
- Você é um híbrido. Seu pai não era um transfigurador e ele podia se curar, você herdou isso dele.
- Mas quando eu me corto, sangro. E tenho marcas no corpo...
- Sam, quando o que está lhe causando o ferimento cessa, você se cura sozinho. É assim que funciona. Por exemplo, se você se cortar com uma faca, já deve ter notado, que a sua pele se recupera sozinha rapidamente. Mas se a faca ficar presa em sua pele, você pode sangrar até a morte.
- Eu pensei que com todo mundo fosse assim....
- Não é não! Eu levo dias para me recuperar, não percebeu?
- Então... como meu pai morreu?
Dando um suspiro, como se aquela lembrança ainda lhe doesse muito, olhando para o horizonte, como se tentasse visualizar aquela cena, ela praticamente sussurrou:
- Lutando, para salvar a minha vida e a sua. Matando o próprio irmão!”


Continua...