quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE III



E voltando a contar como comecei a descobrir que nem todas as crianças são normais como se imagina, que lendas são mais que lendas, e como a morte pode nos rodear sem que percebamos, de um modo ou de outro sempre nos cercando como se fôssemos vítimas estúpidas irracionais, retomo a história de uma cena clichê que se transformou em um roteiro original de horror e de drama familiar...

"A criança começou a sentir muita raiva, muita raiva mesmo com a agressão que sua amável mãe sofria, e naquele momento desejou ser grande e forte como seu boneco Hulk, pois aí obrigaria seu pai a não machucar sua mãe... Então, de repente, começou a sentir um formigamento nas pernas, nas mãos, um calor irradiando por todo o seu corpo e umas pontadas na cabeça, então, antes que percebesse que havia largado os bonecos no chão, e que como no filme do seu herói, toda a sua roupa estava se rasgando enquanto mudava de forma, notou que estava maior que o pai. Ele não entendia nada direito, mas viu que a mãe já estava desmaiada... e, puxou o pai pelo ombro com muita força, o jogando contra a parede. A mãe escorregou para o chão, mas ele a segurou nos braços e sem ter discernimento sobre o que se passava, viu que aquela não era mais sua mãe, pois ele tinha nos braços fortes e verdes, uma pantera incrivelmente negra, coberta pelo velho vestido floral que sua mãe antes trajara.


A pantera abriu lentamente os olhos, enquanto a criança verde e forte sentava vagarosamente no chão a segurando e antes que o menino pudesse esboçar alguma reação, a pantera com um rosnado ensurdecedor, simplesmente pulou em cima do pai do garoto, que estava em pé logo atrás deste e com um facão na mão. A pantera mordeu a garganta do homem com uma violência perigosa e amedrontadora, ao mesmo tempo, encravou unhas longas e fortes no peito do homem e puxando as patas, rasgou seu peito, o que fez com que jorrasse muito sangue e o homem desse um desses gritos cheios daquele desespero e agonia que costumam anteceder uma morte dolorosa. Não houve tempo para defesa. O homem não chegou a lutar com o animal, pois além de estar fraco, foi pego de surpresa. A pantera simplesmente continuou a morder seu pescoço com uma violência ilógica, o dilacerando, repetidas vezes, e então, após alguns minutos e várias mordidas, percebeu que o homem já não respirava. Ele havia morrido. E a pantera, como boa predadora, comeu a carne do pescoço do homem, de maneira lenta, como se apreciasse algum tipo de manjar vitorioso. Havia em seu olhar uma satisfação grande, inteligente e ao mesmo tempo muda, afinal, eram apenas olhos de um animal.


O garoto que a tudo olhava, já havia retomado sua forma anterior, sem sequer perceber suas transformações por completo ou que estava seminu, mas estava muito assustado. Na verdade ele tremia de medo. Nunca quis a morte do seu pai. Queria apenas que ele não batesse mais em sua mãe. E de repente... tudo havia ficado confuso. Onde estava sua mãe?A pantera ia machucá-lo? Ela não parava de fitá-lo, e começou a caminhar em sua direção. Ergueu a cabeça e olhou para o alto, como se estivesse de lembrando de algo, então, deu alguns passos para trás, começou a esfregar o focinho e a boca na calça do homem morto, como se estivesse se limpando e em seguida, olhou para o garoto seriamente e partiu para o corredor...


O menino só pensava em sua mãe, quando esta de repente apareceu no quarto, enrolada em uma toalha, e caminhando em sua direção, o pegou no colo cobrindo-o com uma toalha branca que trazia nas mãos, disse:


- Está tudo bem Sam. Ele não pode mais nos fazer mal.”

Continua...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE II



Na última vez em que conversamos eu contava como descobri que lendas não são apenas lendas, e que em muitas ocasiões pertencem a nossa realidade, mas tolos que somos, crescemos sem prestar atenção de verdade ao que nos cerca e passamos a ter certeza de que nada daquilo existe de verdade. Mas cá entre nós e entre o povo da rua, nunca ter testemunhado um homicídio significa que ele inexiste? Meu irmão nunca ter conhecido pessoalmente o grupo de patrocinadores que ajuda a manter os bandidos que pertencem ao seu povo... e de uma certa o mesmo povo ao qual pertenço, não significa que seja um grupo que não existe... Cara, eu nunca vi Deus, mas isso não significa que Ele seja apenas uma lenda... Enfim, o ser humano acredita no que quer... eu atualmente, acredito no que vejo... de todo modo vou continuar a narrar a história que eu estava contando quando nos encontramos da última vez... talvez a partir daí o resto da minha história tenha alguma lógica para você...



“Pode-se dizer que o garotinho repetir a frase do pai com a voz idêntica a do velho, como se estivesse zombando dele foi o estopim, e o homem ensandecido que ficou, simplesmente pulou em cima do garoto, apertando seu pescoço com o óbvio intuito de enforcá-lo. A criança começou a ficar descontrolada, e então, mudou de forma. Sua pele ficou negra, verde, azul, seus olhos também mudavam de cor e ele segurava debilmente a mão do pai que estava com um aperto cada vez mais forte. Ele não conseguia respirar, já havia soltado a colher há algum tempo e não sabia que era capaz de ferir o pai. Provavelmente nem teria vontade de fazer isso, afinal, era apenas uma criança. Mas quando já não era mais capaz de mudar de forma, e estava desmaiando, após um barulho meio seco em cima de seu pai, simplesmente o aperto em seu pescoço cessou. O velho desabou desmaiado em cima dele, e a mãe, então, o tirou do chão e o pondo no colo, disse:


- Sam, inspira e expira. Puxa o ar pelo nariz e solta pela boca. Vamos, eu sei que você consegue! Vamos Sam.


Quando o garoto ficou mais calmo, já era a mesma criança bela e saudável de antes e então começou a observar a cabeça do pai que jazia desmaiado no chão, sangrando. A mãe percebendo isso falou:


- É eu sei. Mas ele vai ficar bem! Nós é que temos que sair daqui agora. Vamos.


Segurando o garotinho no colo, ela subiu as escadas rumo ao quarto para fazer uma mala para ele e outra para si. O menino sentado na cama olhando tudo perguntou:

- Nós vamos viajar mamãe?

- Sim meu amor. Vamos fazer uma viagem longa.


Sem entender direito, o menino perguntou:


- O papai vai?

- Não!

- Por que ele pulou em mim mamãe?

- Porque ele é mau! Muito mau!

- Ele vai com a gente?


- Não! De jeito nenhum! Nunca mais o veremos!


Assim ela partiu para o próprio quarto com o menino em seu encalço e começou a fazer a própria mala. O garotinho decidiu perguntar:


- Mamãe, o Pokémon e o Hulk podem ir com a gente?


- Sim. Pode pegá-los no banheiro! Mas seja rápido!

Quando o menino voltou para o quarto da mãe, o pai estava lá e a segurava pelo pescoço. Ele devia gostar de um pescoço! Mas o menino não entendia a razão... apenas compreendeu que a mãe ia morrer... seu olhar era de súplica, desespero, ela ficou gesticulando para ele com a mão, dizendo que fosse embora, mas ele não entendia... Aproximou-se dos dois e chutou a perna do pai. Foi algo que não teve o menor impacto. O pai além de segurar sua mãe pelo pescoço com uma força exagerada, deu duas tapas em sua face, arrancando sangue de seus lábios e lhe deixando marcas. E a mãe começou a desmaiar. Os braços já não tinham tanta força. Ela implorava ao marido...


- Por favor. Não o mate! Ele é apenas um garoto! Por favor...”

Continua...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE I



"A inocência foi violada em um momento inesperado.
E o que restou? O perigoso medo do desconhecido..."

Sinceramente, acho que a coisa mais idiota que pode acontecer, é alguém ser cretino o suficiente para supor que sabe de tudo e que bem... nenhuma verdade pode ser abalada. Como eu aprendi isso!? Ah, essa é fácil... tendo sido cretino também! Mas claro que naquela época eu era uma criança, então, ora bolas, tudo se torna um pouco menos patético do que se fosse algo que houvesse acontecido ontem ou hoje, por exemplo.



Do que estou falando? Certo, não dei muitos indícios ainda, então, tentarei ser mais objetivo e menos dúbio! Estou me referindo às criaturas da noite... sabe aquelas lendas bonitinhas que faziam até sua medula arrepiar quando você era pequeno? Pois bem, aquelas historinhas de terror que seu irmão mais velho contava para te assustar antes de você ir dormir, e que te faziam fugir de filmes do gênero, como o Diabo costuma fugir da Cruz (Algo que até hoje não sei se é verdade ou apenas um ditado popular, mas enfim.), não são meras lendas. Não mesmo, eles realmente existem. Todos eles, ou pelo menos, boa parte deles. Claro que não são como nos mitos, nas lendas, não, para ser honesto, eles são piores, bem piores. Piores, porque afinal, são reais.



Descobrir que existiam não é a pior parte, e sim, que tudo aquilo que eu temia e odiava depois que descobri a existência destes seres, é justamente uma parte de quem eu sou, ou melhor, do que eu sou. Mas esta parte fica mais para frente... Vamos começar pelo começo, talvez assim eu seja compreendido...



Imagine uma cena clássica, dessas que até certo ponto são para lá de entediantes...


“Em um apartamento típico de classe média alta do Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1989...


Um garotinho está sentado em uma cadeira, pronto para jantar, enquanto sua bela mãe prepara o resto da comida na cozinha, e seu pai lê calmamente o jornal... De repente o velho pai com sua voz grave, forte, e até certo ponto rústica, pergunta à esposa em alto e bom tom:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




O garotinho gosta daquela voz, ele acha que é uma voz que impressiona, e brincando com a colher de prata que segura na mão e para a qual fica olhando distraidamente, repete:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




A mãe responde:




- Tenha calma João, eu já estou chegando. Me deixe terminar de colocar o bife na travessa!




Até aí nada demais, certo!? Errado. Muito errado. O velho pai baixa o jornal, arqueia uma sobrancelha seriamente e achando que está um pouco surdo ou louco, encara o garotinho e pergunta:




- Sam, o que você falou garoto?




Olhando para o pai, e sem entender direito a expressão deste, ele repete a pergunta:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




A mãe reclama novamente, que os homens são iguais, impacientes e intolerantes. Possivelmente não teria nada de errado nesta cena, com exceção de uma única coisa. O pai solta o jornal na mesa, levanta-se fazendo em nome do pai e encarando o filho com olhos esbugalhados, brada:




- Este garoto está endemoniado! Como conseguiu repetir meu tom de voz? Ele tem apenas cinco anos!




O garoto alheio à realidade repete no mesmo tom do pai:




- Este garoto está endemoniado! Como conseguiu repetir meu tom de voz? Ele tem apenas cinco anos!"

Continua...