terça-feira, 17 de novembro de 2009

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE II



Na última vez em que conversamos eu contava como descobri que lendas não são apenas lendas, e que em muitas ocasiões pertencem a nossa realidade, mas tolos que somos, crescemos sem prestar atenção de verdade ao que nos cerca e passamos a ter certeza de que nada daquilo existe de verdade. Mas cá entre nós e entre o povo da rua, nunca ter testemunhado um homicídio significa que ele inexiste? Meu irmão nunca ter conhecido pessoalmente o grupo de patrocinadores que ajuda a manter os bandidos que pertencem ao seu povo... e de uma certa o mesmo povo ao qual pertenço, não significa que seja um grupo que não existe... Cara, eu nunca vi Deus, mas isso não significa que Ele seja apenas uma lenda... Enfim, o ser humano acredita no que quer... eu atualmente, acredito no que vejo... de todo modo vou continuar a narrar a história que eu estava contando quando nos encontramos da última vez... talvez a partir daí o resto da minha história tenha alguma lógica para você...



“Pode-se dizer que o garotinho repetir a frase do pai com a voz idêntica a do velho, como se estivesse zombando dele foi o estopim, e o homem ensandecido que ficou, simplesmente pulou em cima do garoto, apertando seu pescoço com o óbvio intuito de enforcá-lo. A criança começou a ficar descontrolada, e então, mudou de forma. Sua pele ficou negra, verde, azul, seus olhos também mudavam de cor e ele segurava debilmente a mão do pai que estava com um aperto cada vez mais forte. Ele não conseguia respirar, já havia soltado a colher há algum tempo e não sabia que era capaz de ferir o pai. Provavelmente nem teria vontade de fazer isso, afinal, era apenas uma criança. Mas quando já não era mais capaz de mudar de forma, e estava desmaiando, após um barulho meio seco em cima de seu pai, simplesmente o aperto em seu pescoço cessou. O velho desabou desmaiado em cima dele, e a mãe, então, o tirou do chão e o pondo no colo, disse:


- Sam, inspira e expira. Puxa o ar pelo nariz e solta pela boca. Vamos, eu sei que você consegue! Vamos Sam.


Quando o garoto ficou mais calmo, já era a mesma criança bela e saudável de antes e então começou a observar a cabeça do pai que jazia desmaiado no chão, sangrando. A mãe percebendo isso falou:


- É eu sei. Mas ele vai ficar bem! Nós é que temos que sair daqui agora. Vamos.


Segurando o garotinho no colo, ela subiu as escadas rumo ao quarto para fazer uma mala para ele e outra para si. O menino sentado na cama olhando tudo perguntou:

- Nós vamos viajar mamãe?

- Sim meu amor. Vamos fazer uma viagem longa.


Sem entender direito, o menino perguntou:


- O papai vai?

- Não!

- Por que ele pulou em mim mamãe?

- Porque ele é mau! Muito mau!

- Ele vai com a gente?


- Não! De jeito nenhum! Nunca mais o veremos!


Assim ela partiu para o próprio quarto com o menino em seu encalço e começou a fazer a própria mala. O garotinho decidiu perguntar:


- Mamãe, o Pokémon e o Hulk podem ir com a gente?


- Sim. Pode pegá-los no banheiro! Mas seja rápido!

Quando o menino voltou para o quarto da mãe, o pai estava lá e a segurava pelo pescoço. Ele devia gostar de um pescoço! Mas o menino não entendia a razão... apenas compreendeu que a mãe ia morrer... seu olhar era de súplica, desespero, ela ficou gesticulando para ele com a mão, dizendo que fosse embora, mas ele não entendia... Aproximou-se dos dois e chutou a perna do pai. Foi algo que não teve o menor impacto. O pai além de segurar sua mãe pelo pescoço com uma força exagerada, deu duas tapas em sua face, arrancando sangue de seus lábios e lhe deixando marcas. E a mãe começou a desmaiar. Os braços já não tinham tanta força. Ela implorava ao marido...


- Por favor. Não o mate! Ele é apenas um garoto! Por favor...”

Continua...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O COMEÇO DA LENDA... - PARTE I



"A inocência foi violada em um momento inesperado.
E o que restou? O perigoso medo do desconhecido..."

Sinceramente, acho que a coisa mais idiota que pode acontecer, é alguém ser cretino o suficiente para supor que sabe de tudo e que bem... nenhuma verdade pode ser abalada. Como eu aprendi isso!? Ah, essa é fácil... tendo sido cretino também! Mas claro que naquela época eu era uma criança, então, ora bolas, tudo se torna um pouco menos patético do que se fosse algo que houvesse acontecido ontem ou hoje, por exemplo.



Do que estou falando? Certo, não dei muitos indícios ainda, então, tentarei ser mais objetivo e menos dúbio! Estou me referindo às criaturas da noite... sabe aquelas lendas bonitinhas que faziam até sua medula arrepiar quando você era pequeno? Pois bem, aquelas historinhas de terror que seu irmão mais velho contava para te assustar antes de você ir dormir, e que te faziam fugir de filmes do gênero, como o Diabo costuma fugir da Cruz (Algo que até hoje não sei se é verdade ou apenas um ditado popular, mas enfim.), não são meras lendas. Não mesmo, eles realmente existem. Todos eles, ou pelo menos, boa parte deles. Claro que não são como nos mitos, nas lendas, não, para ser honesto, eles são piores, bem piores. Piores, porque afinal, são reais.



Descobrir que existiam não é a pior parte, e sim, que tudo aquilo que eu temia e odiava depois que descobri a existência destes seres, é justamente uma parte de quem eu sou, ou melhor, do que eu sou. Mas esta parte fica mais para frente... Vamos começar pelo começo, talvez assim eu seja compreendido...



Imagine uma cena clássica, dessas que até certo ponto são para lá de entediantes...


“Em um apartamento típico de classe média alta do Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1989...


Um garotinho está sentado em uma cadeira, pronto para jantar, enquanto sua bela mãe prepara o resto da comida na cozinha, e seu pai lê calmamente o jornal... De repente o velho pai com sua voz grave, forte, e até certo ponto rústica, pergunta à esposa em alto e bom tom:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




O garotinho gosta daquela voz, ele acha que é uma voz que impressiona, e brincando com a colher de prata que segura na mão e para a qual fica olhando distraidamente, repete:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




A mãe responde:




- Tenha calma João, eu já estou chegando. Me deixe terminar de colocar o bife na travessa!




Até aí nada demais, certo!? Errado. Muito errado. O velho pai baixa o jornal, arqueia uma sobrancelha seriamente e achando que está um pouco surdo ou louco, encara o garotinho e pergunta:




- Sam, o que você falou garoto?




Olhando para o pai, e sem entender direito a expressão deste, ele repete a pergunta:




- Juanita, cadê o jantar mulher!?




A mãe reclama novamente, que os homens são iguais, impacientes e intolerantes. Possivelmente não teria nada de errado nesta cena, com exceção de uma única coisa. O pai solta o jornal na mesa, levanta-se fazendo em nome do pai e encarando o filho com olhos esbugalhados, brada:




- Este garoto está endemoniado! Como conseguiu repetir meu tom de voz? Ele tem apenas cinco anos!




O garoto alheio à realidade repete no mesmo tom do pai:




- Este garoto está endemoniado! Como conseguiu repetir meu tom de voz? Ele tem apenas cinco anos!"

Continua...